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Mensagem emocionante de Luís Osório para Cristiano Ronaldo: “pela primeira vez esse abraço não chega”

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O jornalista Luís Osório voltou a escrever sobre Cristiano Ronaldo e, novamente, deixou a todos emocionados com as suas palavras. O jornalista já por mais do que uma vez revelou o seu reconhecimento pela estrela do futebol português. No entanto, é quando o cinco vezes melhor do Mundo passa por uma fase mais delicada, que Luís Osório mais o admira.

Conheça os quatro pontos de vista do jornalista que, no Facebook, dedicou mais um Postal do Dia a Cristiano Ronaldo. Um post que está a viralizar, tanto na página do jornalista, como na rádio TSF.

“Cristiano Ronaldo merece que não sejamos ingratos

1. Cristiano Ronaldo geriu mal os últimos meses da sua carreira.
Cometeu alguns erros que tornaram o seu caminho mais estreito. Acreditou que o seu estatuto, que tudo aquilo que conquistara, seria suficiente para o proteger em caso de tempestade. E talvez tenha acreditado (admito e compreendo) que é um deus-humano, que a sua capacidade física não o atraiçoaria, que continuaria a marcar muitos golos e a ser incontestável.
Cristiano foi fortemente ingénuo.
Se não o fosse saberia que o preço a pagar por se ser grande é proporcional quando se deixa de ser o que as pessoas estão habituadas.
Para o ser humano não há nada de mais orgástico do que um poderoso de cócoras. Quando tal acontece, quando alguém como Cristiano Ronaldo passa por um mau bocado, quando pela primeira vez precisa de tempo, de compreensão, de aplausos, é certo e sabido que uma parte da humanidade lhe irá cair em cima como uma hiena faminta.

2. O que está a acontecer a Cristiano Ronaldo é chocante.
O que tenho lido e ouvido, mesmo em Portugal, é de uma insensibilidade que assusta.
De repente, o homem já não tem lugar na seleção portuguesa. É um obstáculo ao grupo, um vírus que impede que os outros grandes jogadores portugueses se possam afirmar.
De repente, a grande culpa de Fernando Santos não é a sua incapacidade de gerir o talento que tem à disposição, mas a sua cobardia por não o tirar da equipa.
De repente, no Manchester United, não sai do banco de suplentes porque um treinador menor cuja única façanha foi treinar o Ajax, acha hipocritamente que o deve respeitar não o sujeitando a uma humilhação.

3. É um momento decisivo na vida de Cristiano Ronaldo. Pela primeira vez precisa de um abraço de um mundo que sempre fez questão de o amparar, mas pela primeira vez esse abraço não chega.
O mundo fala do seu ego.
O mundo fala dos seus erros.
O mundo fala da sua vaidade, mais dos carros desportivos, das joias e das casas espalhadas pelo mundo.
Não do resto.
Do miúdo que se fez a si próprio e conquistou o mundo pelo mérito. Não das cinco bolas de Ouro. Não de ser o melhor marcador de golos da história do futebol. Não de caminhar para ser o mais internacional de sempre. Não das cinco ligas dos campeões.
E não pela sua história de vida.
Pelo menino que chegou a Alvalade com 12 anos carregado de sonhos e sofrimento.
Pelo menino que tanto chorou pelo alcoolismo do pai. Por tê-lo visto tão poucas vezes sóbrio.
Pelo menino que cresceu sem nunca ter bebido uma cerveja que fosse, o menino que a partir das dificuldades se ergueu.
Pelo menino, depois homem, depois deus, que nunca desamparou a família, que quis que a sua mãe fosse uma princesa, que nunca teve vergonha das suas raízes.
Pelo jogador que chegou ao topo dos topos, mas que nunca deixou de estar presente nos jogos da seleção nacional.
O génio que continuou sempre a chorar quando perdia por Portugal. O nosso Cristiano que nunca deixou de fazer a sua parte, e tantas vezes anonimamente, para que hospitais, associações e pessoas que precisam pudessem ter ajuda.

4. Cristiano Ronaldo merece o nosso abraço.
Merece que o amparemos.
Merece que não sejamos ingratos.
Ele precisa de Portugal.
Como Portugal ainda precisa dele.
Do que é, do que conquistou e do modo como o fez.
Um povo sempre tão cheio de medo de existir terá sempre de ser grato a alguém que nos provou que não somos inferiores a ninguém.
Obrigado, Cristiano.
Obrigado por tudo.
E também, antecipadamente, obrigado pelos golos que ainda não marcaste.
Os que ainda não festejámos”.